Radiologia Brasileira - Publicação Científica Oficial do Colégio Brasileiro de Radiologia

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NOVIDADE EM RADIOLOGIA
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Page(s) 314 to 315



Técnica colangioscópica para tratamento percutâneo de litíase biliar intra-hepática

Autho(rs): Tiago Kojun Tibana1; Renata Motta Grubert2; Carlos Marcelo Dotti Rodrigues da Silva3; Vinícius Adami Vayego Fornazari4; Thiago Franchi Nunes5

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INTRODUÇÃO

A maioria das doenças litiásicas das vias biliares necessita de algum tipo de procedimento cirúrgico para seu tratamento. Atualmente, a videolaparoscopia, a colangiopancreatografia retrógrada endoscópica, a colangiografia trans-hepática e a cirurgia aberta são os métodos mais utilizados(1) nesses tratamentos. A escolha depende das condições clínicas do paciente, das características morfológicas e localização do cálculo.

Cerca de 90% dos cálculos biliares são tratados com colangiopancreatografia retrógrada endoscópica(2), porém, quando há falha do método por cálculos volumosos, localização atípica, alteração anatômica da ampola hepatopancreática, presença de divertículo duodenal, condições pós-transplante hepático ou cirurgias prévias que envolvam o estômago, com necessidade de derivação em Y de Roux, outras modalidades devem ser utilizadas(3).

Com o aperfeiçoamento de materiais endoscópicos, a nefrolitotripsia percutânea e a ureteroscopia surgiram como importante opção para o tratamento do cálculo renal e ureteral. Em consonância com essa evolução e com o aprimoramento técnico dos cirurgiões e radiologistas intervencionistas, a abordagem multidisciplinar dos pacientes possibilitou que essas modalidades fossem amplamente utilizadas e aplicadas em situações distintas, como nos casos de litíase das vias biliares(1).

Recentemente, o desenvolvimento tecnológico proporcionou o surgimento de aparelhos de fino calibre, flexíveis e de novas fontes de energia para a fragmentação desses cálculos, que, associados aos conhecimentos da endoscopia urológica e da radiologia intervencionista, apresentam-se como alternativas promissoras na tentativa de solucionar casos complexos de litíase biliar ou, também, na falha ou na impossibilidade da realização dos métodos convencionais(4–8).

Embora seja factível o emprego de técnicas da endoscopia urológica para tratamento de cálculo em vias biliares, suas indicações ainda não estão bem definidas(9,10). Descrevemos a seguir a técnica realizada com ureteroscópio flexível Ho:YAG e técnicas de radiologia intervencionista para remoção de cálculos biliares complexos (Figura 1).


Figura 1. A: Fibroscópio flexível. B: Colangiografia mostra obstrução das vias biliares por cálculo biliar intra-hepático (seta). C: Fibroscópio (seta tracejada) posicionado no interior da bainha 10F (asteriscos) e adjacente ao cálculo. D: Fluoroscopia demonstra ausência de imagens sugestivas de fragmentos remanescentes de cálculos e dreno externo normoposicionado.



PROCEDIMENTO

Inicialmente, realiza-se a punção da via biliar (direita ou esquerda) com base nos exames por imagem prévios e guiada por fluoroscopia. Procede-se a colangiografia com projeção oblíqua anterior direita para o melhor planejamento do procedimento. A visualização direta do cálculo se dá pelo fibroscópio flexível 7,5F introduzido por uma bainha 10F × 35 cm, com solução de cloreto de sódio 0,9% para irrigação contínua a uma pressão de 200 mmHg. Realiza-se, então, a fragmentação do cálculo biliar com fibra laser 200 μm, potência de 0,6 J/pulso a 1,0 J/pulso e frequência de 6 Hz a 10 Hz. Fragmentos de cálculos são lançados no duodeno ou retirados com basket de nitinol. Ao final do procedimento, uma colangiografia de controle é necessária para confirmar a ausência de fragmentos de cálculos biliares intra-hepáticos.

Em nosso serviço, um dreno biliar externo é deixado e os pacientes recebem alta em até 48 horas. Em 60 dias é realizada a troca do dreno por um de maior calibre (10F por 12F e posteriormente 12F por 14F), e cerca de 6 a 9 meses é feita retirada do dreno após a confirmação da ausência de cálculos.


REFERÊNCIAS

1. Ponsky LE, Geisinger MA, Ponsky JL, et al. Contemporary “urologic” intervention in the pancreaticobiliary tree. Urology. 2001;57:21–5.

2. Williams E, Beckingham I, El Sayed G, et al. Updated guideline on the management of common bile duct stones (CBDS). Gut. 2017;66:765–82.

3. Rimon U, Kleinmann N, Bensaid P, et al. Percutaneous transhepatic endoscopic holmium laser lithotripsy for intrahepatic and choledochal biliary stones. Cardiovasc Intervent Radiol. 2011;34:1262–6.

4. Gamal EM, Szabó A, Szüle E, et al. Percutaneous video choledochoscopic treatment of retained biliary stones via dilated T-tube tract. Surg Endosc. 2001;15:473–6.

5. Hazey JW, McCreary M, Guy G, et al. Efficacy of percutaneous treatment of biliary tract calculi using the holmium:YAG laser. Surg Endosc. 2007;21:1180–3.

6. Shamamian P, Grasso M. Management of complex biliary tract calculi with a holmium laser. J Gastrointest Surg. 2004;8:191–9.

7. Zurstrassen CE, Bitencourt AGV, Guimaraes MD, et al. Percutaneous stent placement for the treatment of malignant biliary obstruction: nitinol versus elgiloy stents. Radiol Bras. 2017;50:97–102.

8. Cardarelli-Leite L, Fornazari VAV, Peres RR, et al. The value of percutaneous transhepatic treatment of biliary strictures following pediatric liver transplantation. Radiol Bras. 2017;50:308–13.

9. Adamek HE, Maier M, Jakobs R, et al. Management of retained bile duct stones: a prospective open trial comparing extracorporeal and intracorporeal lithotripsy. Gastrointest Endosc. 1996;44:40–7.

10. Wolf JS Jr, Nakada SY, Aliperti G, et al. Washington University experience with extracorporeal shock-wave lithotripsy of pancreatic duct calculi. Urology. 1995;46:638–42.










1. Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (HUMAP-UFMS), Campo Grande, MS, Brasil; https://orcid.org/0000-0001-5930-1383
2. Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (HUMAP-UFMS), Campo Grande, MS, Brasil; https://orcid.org/0000-0001-6713-2575
3. Santa Casa de Campo Grande, Campo Grande, MS, Brasil. 3. Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (EPM-Unifesp), São Paulo, SP, Brasil; https://orcid.org/0000-0002-4483-0685
4. Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (EPM-Unifesp), São Paulo, SP, Brasil; https://orcid.org/0000-0002-5880-1703
5. Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (HUMAP-UFMS), Campo Grande, MS, Brasil; https://orcid.org/0000-0003-0006-3725

Correspondência:
Dr. Thiago Franchi Nunes
Avenida Senador Filinto Müller, 355, Vila Ipiranga
Campo Grande, MS, Brasil, 79080-190
E-mail: thiagofranchinunes@gmail.com

Recebido para publicação em 11/5/2018
Aceito, após revisão, em 6/7/2018

Data de publicação: 05/08/2019
 
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